INTERPRETAÇÃO DA DEFINIÇÃO DO ANDAMENTO NO PADRÃO RACIAL DO CAVALO MANGALARGA MARCHADOR
* Lucio Sérgio de Andrade
De acordo com o Padrão Racial a marcha pode ser desenvolvida tanto na modalidade marcha batida como na modalidade marcha picada, sendo andamento natural, simétrico, a quatro tempos, com apoios alternados dos bípedes laterais e diagonais, intercalados por momentos de tríplice apoio.
Características ideais: regular, elástico, com ocorrência de sobrepegada ou ultrapegada, equilibrado, com avanço sempre em diagonal e tempos de apoio dos bípedes diagonais maiores que laterais, movimento discreto de anteriores, descrevendo semicírculo visto de perfil, boa flexibilidade de articulações.
Interpretação:
Ser regular implica em o animal manter um mesmo tipo e velocidade de marcha. O deslocamento alternado dos bipedes em lateral e em diagonal, sempre com momentos de triplices apoios, é a essencia da marcha, cuja mecanica ideal apresenta um numero de oito apoios, sendo quatro tripedais, dois bipedais diagonais e dois bipedais laterais. Esta é a distribuição de apoios da marcha completa. Mas muitos bons marchadores suprimem os dois triplices de anteriores, devido à elevação ou oscilação excessiva dos membros, casqueamento ou ferrageamento desbalanceados, equitação e adestramento inadequados.
Na conceituação academica do andamento marchado o cavalo nunca perde o contato com o solo. Mas na conceituação academica da marcha pura, autentica, perder o contato com o solo não basta, pois esta definição inclui andamentos limitrofes ao trote e andadura. Na marcha pura os triplices apoios são bem definidos, intercalados por apoios duplos laterais e duplos diagonais.
Em relação à sobre-pegada, esta não é uma condição de marchar, mas sim uma condição de rendimento. Cavalos trotadores também podem ter os rastros deixados pelos seus posteriores cobertos ou ultrapassados pelos rastros deixados pelos cascos anteriores.
Ha dois erros graves na definição da marcha no Padrão Racial do cavalo Mangalarga Marchador. Um deles é a omissão da comodidade, dando margem ao Registro Genealogico, e premiação, de animais
asperos. Outro erro foi a preferencia pela diagonalidade, o que é um contrasenso, pois ha julgamento independente dos animais de marcha picada. Portanto, os dois andamentos são igualmente aceitos.
Na definição da marcha também deveria ser estabelecido o rendimento normal, a fim de que uma maior pressão de seleção pudesse ser exercida sobre os aspectos mais fundamentais do andamento: a dissociação, que é a distribuição dos apoios; comodidade, estilo, regularidade e rendimento. O estilo, de certa forma, pode ser aperfeiçoado pelos avanços no programa de treinamento e condicionamento fisico.
O estranho é um Padrão Racial ser tão resumido na definição de marcha e para o Regulamento dos Concursos de Marcha ampliam definições e conceitos qualitativos em relação à marcha. Afinal, qual é a diretriz de seleção para os criadores, o Padrão Racial ou os Regulamentos de Exposições? Como em toda raça do mundo, a lógica é que seja uma seleção direcionada pelo Padrão Racial. Os resultados de julgamento devem ser a comprovação de qualidades raciais evidenciadas em animais bem enquadrados no estabelecido pelo Padrão Racial.
* O autor é Zootecnista, escritor, com 30 livros publicados e 50 dvd’s, as maiores coleções da equideocultura brasileira de marcha. Para pedidos acessar o site profissional – www.equicenterpublicacoes.com.br, onde está hospedada a Loja Virtual do Cavalo de Marcha, que também oferece embocadura e equipamento de doma e treinamento especializado do cavalo Mangalarga Marchador de M.T.A.D. – Marcha de Tríplices Apoios Definidos. |